Serve o presente blog para a coleção de pensamentos, reflexões, análises e resumos dos assuntos figurados no âmbito da avaliação da disciplina de Processos de Comunicação Digital, do doutoramento em Média-Arte Digital, da Universidade Aberta.

sábado, 10 de novembro de 2012

Ficha de Leitura: A Crítica da Técnica e da Modernidade em Heidegger e McLuhan - Parte II

"O meio é a mensagem" é o título da famosa obra de McLuhan que, no mesmo ano da morte de Heidegger, vem trazer um novo olhar à problemática por este último. McLuhan apela à inevitabilidade da evolução tecnológica, sendo inútil procurar enfrentá-la ou forçá-la a mudar de curso. O filósofo canadiense defendeu que o caudal produzido pela corrente do progresso e da fundação de uma cultura global é tal, que é mais produtivo aproveitar a corrente e produzir sobre ela mesma.

Na sua investigação, McLuhan conclui que não só "passa a reconhecer que e a cultura de massa está não apenas cheia de potencialidades de destruição, mas também de promessas de fecundos desenvolvimentos". E assim, toma como elemento central da sua atenção os meios de comunicação e o seu papel na formulação de imagens enquanto transmissores de conhecimento.

Com o surgimento de uma consciência global, motivado pela democratização da informação, McLuhan indicia que a auto-regulação da evolução da técnica (em que se compreende a cultura e a comunicação propriamente dita), está mais presa ao meio em que é disseminada (e às suas limitações) do que à mensagem propriamente dita. McLuhan suporta, de certa forma, o conceito de Ge-stell fecundado por Heidegger. A passagem da comunicação oral para a comunicação escrita, agravada muito posteriormente pela introdução da imprensa, transforma uma forma de comunicação maleável, humana e sensorialmente rica; para uma linguagem com demasiadas regras, estruturas e condicionantes, revelando-se num "arrefecer" do processo de comunicação e promovendo a formatação do pensamento.

Esta estrutura, severamente embutida nos media, influenciam inevitavelmente a formulação de imagens perante o real. Consequentemente, intervindo na forma como o pensamento dos recetores é estruturado, incutindo opinião.

A esperança, na ótica de McLuhan, reside precisamente no advento das tecnologias baseadas na eletrónica e no seu percurso em direção à "tribalização do homem moderno" e à fundação daquilo que hoje chamamos de aldeia global. Com a multiplicação exponencial dos canais de comunicação, McLuhan preconizou a assimilação por parte do indivíduo, deste tecido de troca de informação que, de certa forma, veio aliviar a estrutura que de forma consciente ou inconsciente, vinha a ser controlada pelos próprios mass-media.


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Referências
HEIDEGGER, M. (2002), "Ensaios e Conferências" (tradução de LEÃO, Emmanuel Carneiro, FOGEL, Gilvan, SCHUBACK, Marcia Sá Cavalcante), Editora Vozes, Petrópolis, p.11-38

SÁ, José Carlos Vasconcelos (2001), "A Crítica da Técnica e da Modernidade em Heidegger e McLuhan", Revista Interacções Nº1, ISMT






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